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quarta-feira, 17 de março de 2010

Resenha: A Cidade do Sol (Khaled Hosseini)

“- Foi em março de 1979, uns nove meses antes da invasão soviética. Alguns heratis enfurecidos mataram uns conselheiros soviéticos e, então, eles mandaram seus tanques e seus helicópteros e abriram fogo contra a cidade. E nos bombardearam durante três dias, hamshireh. Derrubaram prédios, destruíram um dos minaretes, mataram milhares de pessoas. Milhares. Perdi duas irmãs nesses três dias. Uma delas tinha 12 anos. É essa aqui – acrescentou ele, batendo com a mao na foto presa ao pára-brisa.

- Sinto muito – disse Laila, impressionada por ver que a história de cada afegão é amrcada por mortes, perdas e dor. E, mesmo assim, percebe que as pessoas dão um jeito de sobreviver, de ir em frente. Pensa em sua própria vida e em tudo o que lhe aconteceu, e se surpreende ao se dar conta de que também sobreviveu, que está viva, sentada nesse táxi, ouvindo a história desse homem.”

O livro conta a história de duas mulheres – Mariam e Laila – passando pelos conflitos subsequentes nos últimos 40 anos de história do Afeganistão, entremeados por traços da cultura e do cotidiano afegão.

A cidade do sol é Cabul, onde não se podem contar as luas que brilham em seus telhados, nem os mil sóis esplêndidos que se escondem por trás de seus muros. (Versos de Saib-e-Tabrizi) (Em inglês o título é A Thousand Splendid Suns – Mil Esplêndidos Sóis –o que acontecem com os títulos quando chegam ao Brasil? Mania de inovar mais besta! )

A história se inicia com a jovem Mariam, uma harani (bastarda) do interior do Afeganistão, que é obrigada a se casar com Rachid, um sapateiro muito mais velho que ela, que vive em Cabul.

No dia do golpe (ou revolução, depende de quem está falando) socialista, nasce Laila, poucas casas acima da de Mariam. Seus irmãos lutavam no interior contra os soviéticos. Quando os mujahedins venceram, passaram a lutar uns contra os outros, destruindo Cabul com as armas que ganharam dos Estados Unidos para combater o mal socialista.

Quando os pais de Laila morrem atingidos pelo míssel que cai em sua casa, a menina é socorrida por um dos poucos vizinhos que não fugira para o Paquistão. É quando as histórias das duas mulheres se cruzam. Laila vê no casamento com Rashid seu único meio de sobrevivência nesse cenário pavoroso.

Juntas, elas sofrem com as atrocidades do marido intolerante. Vêem instalar-se o regime talibã, que proíbe as mulheres de trabalhar, estudar, rir, falar, andar sozinhas, olhar os homens nos olhos ou mostrar o rosto. Cuidaram dos filhos de Laila. Passaram fome. Lutaram pela vida como puderam.

A história dramática se encerra num cenário de esperança, após a última guerra, contra os Estados Unidos, onde os afegãos estão reconstruindo a cidade de Cabul e suas próprias vidas.

Tantas revoluções e conflitos em tão pouco tempo me fizeram voltar às aulas de Ciência Política e Teoria do Estado. À conhecida definição de estado de exceção… Do SOBERANO, soberano sobre a vida dos outros, por tantas vezes sem a menor noção da responsabilidade que possui. Sem olhos para ver o sangue em suas mãos. Aquele que usa o poder para estabelecer no seu país determinados ideais, sacriifcando a vida dos civis que dele dependem.

O chefe de Estado contemporâneo que declara a guerra joga com a vida dos outros e por isso é um covarde. Ele mesmo não vai para a linha de batalha. A sua decisão não arrisca o seu pescoço, mas os de muitos outros; voluntários, obrigados, inocentes.

Isso tudo me enoja.

4 comentários:

Cíntia Mara disse...

Quero ler esse livro, mas, pra variar, nunca que chega o lugar dele na fila, hehe.

Gosto desses livros que falam de outras culturas, em especial dos países árabes. Sei lá porque, mas desde que fiz um trabalho sobre religiões no ensino médio fiquei interessada nessas coisas, rs.

Bjos

Annie Mucelini disse...

Parece um sofrimento sem fim, drama até não querer mais, mas o final é feliz, com esperança, bonitinho

;**

amgmontavon disse...

Ainda nao li. To com o exemplar em Ingles. Comprei pq gostei do cacador de pipas.
Bjo bandida

Annie Mucelini disse...

Pode ler sem medo. É emoção pura. Chorei baldes. O desenrolar da história até o seu final é excelente.

Beeeijos, bandida isaura!