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segunda-feira, 29 de março de 2010

Parabéns, Curitiba!

 Confesso que ser obrigada a mudar de cidade me fez tomar uma antipatia gratuita pelo lugar. Não que eu gostasse tanto assim de Foz do Iguaçu. Me irritava a ideia de deixar tudo o que eu tinha lá para recomeçar em outro lugar mais uma vez. As dificuldades no decorrer da mudança - lentíssima - e para retomar minha vida aqui - 'projeto' ainda inconcluso, aliás - fizeram com que já chegasse em Curitiba com 'pontos negativos'.

Sabe quando você quer não-gostar? Deve ser algum tipo de auto-defesa temperada com um pouquinho de imaturidade. É claro que eu sabia que era besteira sentir raiva de uma cidade que eu nem conhecia direito e que, lógico, nunca teve culpa de nada.

Não adiantou. Eu queria não-gostar da cidade, da uni, das pessoas, do clima. Insisti pra implicar. Apesar de tudo, no primeiro dia que peguei o ônibus em direção à Santos Andrade, desde já, senti que não conseguiria manter a resistência. E quando meus pés pisaram aquela praça (que de vez em quando gosto de chamar de 'minha'), houve uma coisa nova. Não era a primeira vez, nem nada. Meu coração batia mais forte agora pelo início da vida que estou construindo aqui.

Minha praça
Hoje, no aniversário de Curitiba, o dia amanheceu a cara da cidade: cinza, cheio de nuvens, com chuva e o famoso e típico frio que não obedece estação do ano. A irresistivelmente charmosa Curitiba me conquistou completamente. Gosto daqui. Gosto da chuva que cai quase todas as noites, das praças sempre bem cuidadas, das ruas tão mais limpas que qualquer outra capital brasileira, do centro histórico, dos parques, do transporte público e do clima surpreendente que me obriga a andar com guarda-chuva e casaco na bolsa todos os dias.

(Aos super-críticos de plantão, é claro que não a cidade não é perfeita. Há pobreza, há muros pixados, casas antigas que estariam lindas se alguém cuidasse delas, há violência, há favela, há quem ainda jogue papel no chão, há aqueles tão 'provincianamente educados' que chegam à frieza, entre outras coisas)

Meus parabéns à cidade que tão rapidamente aprendi a amar pelos seus 317 belos anos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Resenha: O Nome da Rosa (Umberto Eco)

Ouvi falar no livro de Adso Umberto Eco pela primeira vez ainda no 1º ano do Ensino Médio. Não exatamente no livro, mas no filme. Lembro que na época me pareceu chatíssimo um filme sobre a vida em um mosteiro na Idade Média. Isso foi há uns cinco anos. Nem parece que se passou tanto tempo!
O que eu lia nessa época? Ah, sim… Foi um ano fraco pra leitura o de 2005. Em um dos colégios que estudei (foram três no mesmo ano) os alunos só podiam emprestar livros uma vez por semana. Talvez pelo tamanho da biblioteca, pequeniniiiinha! Aproveitava para pegar livros grandes, como o Memorial de Maria Moura. E Sidney Sheldon, que eu conhecera um ano antes. Mas não li O Nome da Rosa. Acho que nem vi em qualquer das três bibliotecas que frequentei naquele ano.
Nunca mais ouvi falar dessa história por anos, até chegar à universidade. O livro estava entre as leituras complementares de Sociologia, mas eu não li. Estava ocupada demais aprendendo a estudar para passar pelas estantes de literatura.
Foi no ano passado que resolvi que deveria voltar a devorar livros como antes. Agora já tinha ouvido falar tantas vezes do livro e do filme, tantas recomendações, que fiquei curiosa. O exemplar estava desgastado, os cadernos meio frouxos, provavelmente porque eu não fora a única que carreguei auqele livro pra todo canto.
Ao contrário do que me fizera parecer a infeliz da professora de História há tantos anos, descobri que era um romance com uma trama muito bem escrita que me aguçou os sentidos. Lia até as inscrições em latim para tentar descobrir algo do mistério das mortes dos monges. Infelizmente tive que parar a leitura perto do fim, para dedicar tempo ao vestibular. (Por que não pedem também literatura estrangeira no vestibular? Preciosismo)
Terça-feira o professor de História do Direito mencionou o livro, contando com o bom-humor com que costuma dar suas aulas do episódio inicial do livro, quando Guilherme descreve um cavalo que nunca tinha visto. De repente, senti uma vontade enooorme de saber o que acontecia no final do livro. Quem ou qual era a causa de todas aqueals mortes na Abadia? Encontrei um único exemplar na biblioteca de Humanas e devorei saborosamente – não como Jorge – as páginas que restavam.
Excelente leitura para quem gosta de ler, quem gosta de história, quem gosta de observar as pessoas. E pra descobrir como algumas coisas realmente não mudam: a hipocrisia, o fanatismo, a vaidade, o orgulho e a paixão pelos livros.

sábado, 20 de março de 2010

Pra Variar

Antes que eu fique estressada com tanta indignação e seriedade (taí a dica: estresse, indignação e seriedade demais fazem mal à saúde), um joguinho. Repasso pra quem quiser ;)
1. Nome
Annie Adelinne
2. Porque lhe deram esse nome?
Segundo conta a história, meu pai queria Adelina, que era o nome da mãe dele, e minha mãe queria Ana. Como já tinha Ana demais, resolveram enfeitar (baianagem!), e acabaram enfeitando o Adelina também pra combinar. Pensando bem, ficou melhor que Ana Adelina, né?
3. Você faz pedidos às estrelas?
Pra quê? Aqui de Curitiba quase nunca se vê estrelas. Mesmo se visse, elas não escutam. Prefiro fazer minhas próprias estrelas.
4. Quando foi a última vez que você chorou?
Ontem, de saudade. Ultimamente, quase todos os dias, pelo mesmo motivo. Ô, dó!
5. Gosta da sua letra?
Gosto. Vivo mudando, porque enjoo de uma coisa ou outra, mas acho bonita, sim.
6. Gosta de pão com o que?
Mortadela haha Ou, se estiver quentinho, manteiga de verdade já ta bom demaaaais.
7. Quantos filhos você tem? Como se chamam e quantos anos eles têm?
Filhos eu não tenho. Por enquanto, só nomes hehe
8. Se você fosse outra pessoa, seria seu amigo?
Sabe que eu não sei? Às vezes eu me acho insuportável, outras vezes eu simplesmente me acho…
9. Saltaria de bungee-jump?
Talvez. Depende do estado de espírito na hora. Com uma companhia pra encorajar, quem sabe?
10. Desamarra os sapatos antes de tirá-los?
Não uso tênis faz tempo. Gosto de calçados mais práticos: sandálias, rasteirinhas... Desses que saem chutando, sabe? [Falou a bagunceira]
11. Acredita que você seja uma pessoa forte?
Sou daquele grupo que parece forte, só porque ta sofrendo em silêncio.
12. Sorvete favorito?
Maracujá, sem nem pensar.
13. Vermelho ou Preto?
Taí duas cores que não sou chegada – principalmente juntas – mas entre uma e outra, o vermelho.
14. O que menos gosta em você?
Eu sou muito fechada. Gostaria de ser mais aberta, daquelas que as pessoas ficam com vontade de conversar, sabe? Aquelas pessoas que logo juntam um grupinho, começam a conversar e rir como se fossem amigos há séculos… Isso acontece de vez em nunca. Queria ser assim sempre.
15. O que mais gosta em você?
Minha capacidade de perdoar.
16. De quem você sente saudades?
Ah, do meu amor, dos meus irmãos... Esse povo que amo tanto e encrenca em morar longe de mim!
17. Descreva que roupa e calçado esta usando agora?
A regata do dia que tirei a foto da carteirinha do RA (rosa e azul), uma bermuda jeans que tenho há uns 4 anos e que me serve até hoje,  um par de sandálias ipanema.
18. Qual foi a última coisa que comeu hoje?
Três biscoitos daqueles ‘água e sal’.
19. O que você está escutando agora?
A televisão ligada
20. A última pessoa com quem falou ao telefone?
Atendi o telefone no escritório do meu pai, mas não sei quem era.
21. Bebida favorita?
Sucos. Principalmente aqueles mais ‘incomuns’: cajá, cupuaçu, beterraba com cenoura…
22. Comida?
Eu gosto de massas. Lasanha, macarrão e afins…
23. Último filme que viu no cinema e com quem?
Ihhhh, faz tempo! Acho que foi O Curioso Caso de Benjamin Button, com o namorado. Se vi algum depois, não lembro. Devo ter esquecido porque quase dormi vendo A Princesa e o Sapo em Volta Redonda em ótima companhia: Dan, Belíssima e Déborinha.
24. Dia favorito do ano?
16 de novembro ;)
25. Inverno ou verão?
Ah, eu gosto dos dois até enjoar. No fim do verão não vejo a hora de fazer frio; no fim do inverno, mal posso esperar pelo calor.
26. Beijos ou abraços?
Depende… De quem? 
27. Sobremesa favorita?
Bolo de Coca-Cola do jeito que só a Cacau sabe fazer.
28. Que livro está lendo?
Curiosamente, justamente hoje, não estou lendo nenhum
29.O que tem na parede do seu quarto?
To num quarto provisório. Nada nas paredes que é pra não dar trabalho de tirar.
30.Filmes favoritos?
Esse negócio de escolher coisas favoritas… Fico sempre indecisa! Hoje vou dizer que é Antes que termine o dia.
31. Onde foi o lugar mais longe que você foi?
Quer dizer a maior distância que já viajei? De Foz do Iguaçu pra Feira de Santana.
32. Uma música?
Uma só? Hoje é Smile.
33. Uma frase?
“Deus não está atordoado, com as mãos na cabeça dizendo ‘Como é que isso foi acontecer?’, Ele está no controle.”

sexta-feira, 19 de março de 2010

O Judiciário agora é circo?

"Dois dias e meio depois da separação, Dervana Dias estava ansiosa para o reencontro com a filha. O choro era de emoção. Mãe, pai e filha pareciam se entender. Os parentes também pegaram a criança.
A criança foi retirada dos pais por determinação da justiça na última segunda-feira e levada para um abrigo. De acordo com uma denúncia anônima ao Conselho Tutelar, a mãe e as outras ciganas pediam dinheiro na rua, no centro de Jundiaí, e usavam a menina para sensibilizar as pessoas. [...]
Nesta tarde os pais da menina terão uma audiência na Vara da Infância e Juventude, no fórum de Jundiaí. Eles vão tentar explicar ao juiz que não pediam dinheiro na rua como foi denunciado ao Conselho Tutelar. Vão dizer também que têm condições de criar a filha.
“Espero que o juiz libere minha filha. Eu tenho condição de criar minha fila”, diz Dervana Dias, mãe da criança."
Essa é parte da transcrição de uma reportagem transmitida ontem na Rede Globo em jornais de transmissão nacional. (Matéria completa)

A notícia transmitida duas vezes para todo o Brasil dá o tom do espetáculo apresentado em volta de uma criança que mal entende o que se passa, a não ser que lhe tiraram de sua família. Não quero comentar se a atitude foi certa ou errada, e só por um motivo: os processos da Vara de Infância e Juventude - todos, sem exceção - estão sob sigilo de justiça, e não é à toa. Trata-se de crianças e adolescentes, que não devem ter sua vida exposta desse jeito, mesmo que sob a 'proteção' da imagem do seu rosto.

Pra falar a verdade, não gosto quando nenhum processo judicial vai a público antes de terminar, principalmente quando a notícia é feita dessa maneira, armando uma tenda em volta do problema dos outros, e por vários motivos:

1. Porque conhecemos a parcialidade da nossa mídia, que não dá notícias, mas comenta os fatos e apresenta sua própria versão. Apresentar uma criança sendo tirada a força dos braços da mãe certamente é comovente, mas ninguém sabe de fato os motivos e as circunstâncias que levaram a isso. A única coisa que eu sei - mas que não ficou clara a todos - é que o processo não acabou.

2. Porque os jornalistas apresentam essas notícias do jeito que eles entendem, e nem sempre é o jeito como as coisas acontecem. A menina pode ter sido tirada da mãe por medida cautelar - quem sabe para que não fujam com a criança - ou liminar - para evitar que a criança continue sofrendo os riscos a que, segundo a denúncia, estava exposta.

3. Porque da forma como foi apresentada a notícia, ficou parecendo que tiraram a criança da família porque não tinham condições de cuidar da menina. O Estatuto da Criança e do Adolescente diz muito claramente que "A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar." (art. 23).

4. Porque uma notícia dessas gera polêmica, e se é mal explicada - como foi - gera ideias erradas, transformando o Judiciário, o Ministério Público, a Polícia e todo o Poder Público no grande vilão da história, afastando-os ainda mais dos cidadãos.

Que grande desserviço.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Resenha: A Cidade do Sol (Khaled Hosseini)

“- Foi em março de 1979, uns nove meses antes da invasão soviética. Alguns heratis enfurecidos mataram uns conselheiros soviéticos e, então, eles mandaram seus tanques e seus helicópteros e abriram fogo contra a cidade. E nos bombardearam durante três dias, hamshireh. Derrubaram prédios, destruíram um dos minaretes, mataram milhares de pessoas. Milhares. Perdi duas irmãs nesses três dias. Uma delas tinha 12 anos. É essa aqui – acrescentou ele, batendo com a mao na foto presa ao pára-brisa.

- Sinto muito – disse Laila, impressionada por ver que a história de cada afegão é amrcada por mortes, perdas e dor. E, mesmo assim, percebe que as pessoas dão um jeito de sobreviver, de ir em frente. Pensa em sua própria vida e em tudo o que lhe aconteceu, e se surpreende ao se dar conta de que também sobreviveu, que está viva, sentada nesse táxi, ouvindo a história desse homem.”

O livro conta a história de duas mulheres – Mariam e Laila – passando pelos conflitos subsequentes nos últimos 40 anos de história do Afeganistão, entremeados por traços da cultura e do cotidiano afegão.

A cidade do sol é Cabul, onde não se podem contar as luas que brilham em seus telhados, nem os mil sóis esplêndidos que se escondem por trás de seus muros. (Versos de Saib-e-Tabrizi) (Em inglês o título é A Thousand Splendid Suns – Mil Esplêndidos Sóis –o que acontecem com os títulos quando chegam ao Brasil? Mania de inovar mais besta! )

A história se inicia com a jovem Mariam, uma harani (bastarda) do interior do Afeganistão, que é obrigada a se casar com Rachid, um sapateiro muito mais velho que ela, que vive em Cabul.

No dia do golpe (ou revolução, depende de quem está falando) socialista, nasce Laila, poucas casas acima da de Mariam. Seus irmãos lutavam no interior contra os soviéticos. Quando os mujahedins venceram, passaram a lutar uns contra os outros, destruindo Cabul com as armas que ganharam dos Estados Unidos para combater o mal socialista.

Quando os pais de Laila morrem atingidos pelo míssel que cai em sua casa, a menina é socorrida por um dos poucos vizinhos que não fugira para o Paquistão. É quando as histórias das duas mulheres se cruzam. Laila vê no casamento com Rashid seu único meio de sobrevivência nesse cenário pavoroso.

Juntas, elas sofrem com as atrocidades do marido intolerante. Vêem instalar-se o regime talibã, que proíbe as mulheres de trabalhar, estudar, rir, falar, andar sozinhas, olhar os homens nos olhos ou mostrar o rosto. Cuidaram dos filhos de Laila. Passaram fome. Lutaram pela vida como puderam.

A história dramática se encerra num cenário de esperança, após a última guerra, contra os Estados Unidos, onde os afegãos estão reconstruindo a cidade de Cabul e suas próprias vidas.

Tantas revoluções e conflitos em tão pouco tempo me fizeram voltar às aulas de Ciência Política e Teoria do Estado. À conhecida definição de estado de exceção… Do SOBERANO, soberano sobre a vida dos outros, por tantas vezes sem a menor noção da responsabilidade que possui. Sem olhos para ver o sangue em suas mãos. Aquele que usa o poder para estabelecer no seu país determinados ideais, sacriifcando a vida dos civis que dele dependem.

O chefe de Estado contemporâneo que declara a guerra joga com a vida dos outros e por isso é um covarde. Ele mesmo não vai para a linha de batalha. A sua decisão não arrisca o seu pescoço, mas os de muitos outros; voluntários, obrigados, inocentes.

Isso tudo me enoja.

terça-feira, 16 de março de 2010

Resenha: A Criminologia Radical (Juarez Cirino dos Santos)

Este estudo tem por finalidade definir os fundamentos científicos e os objetivos programáticos da CRIMINOLOGIA RADICAL, como teoria do crime e do contorle social comprometida com o projeto político das classes trabalhadoras nas sociedades capitalistas.”

Esse livro apresenta uma visão do crime completamente diferente do último que estudei (apesar de Mentes Perigosas não falar exatamente de crime ou de criminologia, mas de psicopatas, e de um ponto de vista científico-psiquiátrico-não-jurídico).

A Criminologia Radical diz que o crime está diretamente ligado à economia e estes à política. Define o crime individual como resposta social de sujeitos em condições sociais adversas. Diz, ainda, que há uma criminalidade estrutural: “situações de garantia de impunidade, pelo controle dos processos de criminalização, são condições suficientes para práticas anti-sociais lucrativas, fundadas no controle dos processos de produção/circulação da riqueza”.

Em resumo, o que li é que o crime é obra e graça do capitalismo, que pune os oprimidos de forma a manter o sistema e acoberta os crimes da classe dominante, sendo o próprio sistema capitalista um crime.

Pessoalmente, considero perigoso definir todo um sistema como criminoso. Acho abstração demais. E mais perigoso ainda é enfatizar que a solução para a criminalidade é a implantação do regime socialista. Até porque, o tal regime é um ideal que ninguém nunca viu funcionar, né? Enfim, me perdoem aqueles que amam, mas a Criminologia Radical me pareceu um discurso fanático ou eu não entendi nada.

E ainda tem o caso de todo o proletariado que não pensa em cometer um crime sequer – ‘pobres alienados’ – daqueles que não cometem crimes por serem oprimidos pela sociedade capitalista, mas por motivos passionais, por estarem sob efeito de tóxicos, por patologia… Prefiro pensar que não existe um motivo para que alguém cometa um crime – seja biológico, sociológico, econômico… Mas que todos esses motivos são possibilidades.

Mas como todo mundo tem sua própria opinião sobre o que é crime e como se deve lidar com ele, essa discussão vai longe!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um Novo Olhar

Na mudança de uma universidade pra outra, fiquei com duas matérias pendentes pendentes no 1º ano: Direito Romano e História do Direito. Sempre achei curioso o fato de todos os currículos terem Filosofia do Direito, Sociologia Jurídica, Economia Política, mas poucos adotarem a História como parte integrante da grade curricular.

Embora, de um ponto de vista mais prático, me atrapalhe um pouco o fato de ter que fazer essas disciplinas, fiquei feliz por ter a oportunidade de conhecer essa perspectiva histórica do Direito. Aqui vai o fichamento que entreguei hoje da introdução da Introdução Teórica à História do Direito.

O capítulo introdutório se inicia com uma pergunta - Por que História do Direito? – ali colocada para introduzir seu escopo. O ato de justificar-se logo na apresentação é bastante lógico, tanto para convencer aqueles a quem se apresenta da sua própria importância, quanto para tentar, desde já, aderir novos entusiastas pela disciplina.

No entanto, é bastante controverso dizer que a História do Direito necessita justificar-se, por ser ela mesma parte essencial do estudo do Direito, com “um olhar muito próprio, que não se confunde com o olhar filosófico, sociológico ou com o olhar das disciplinas dogmáticas”.

Poucas dessas disciplinas citadas procuram justificar-se, por estarem solidamente consolidadas nos currículos e nos pensamentos dos juristas em geral – lugar onde a História ainda busca algum espaço. A filosofia e a sociologia têm espaço cativo nos cursos de Direito. Me pergunto porque a perspectiva histórica seria menos interessante e relevante do que a filosófica ou a sociológica.

Uma definição rápida da História do Direito daria uma interpretação epistemológica – o ramo do conhecimento que se ocupa do espaço jurídico – e outra ontológica – o conjunto dos eventos que compõem esse passado.

Como ciência ou como objeto, a ideia de que a História do Direito seria a reconstituição dos fatos jurídicos do passado é bastante problemática, afinal, temos apenas idéias sobre esses fatos, e vários caminhos para o conhecimento histórico. Por isso, deve-se antes de tudo colocar a questão teórico-metodológica dessa disciplina. De outra forma, a busca pelo saber será intuitiva, refletida, forçosa e duvidosa.

A discussão de pressupostos teóricos e metodológicos parece, então, essencial para direcionar o foco daquilo que estudamos. Nas palavras de Hespanha: “a adopção pela historiografia jurídica de um modelo metodológico cientificamente fundado representa, por sua vez, a aquisição de um novo sentido para esta disciplina no quadro das disciplinas sociais e jurídicas – não um sentido apologético, não um sentido mistificador, mas um sentido libertador”.

Que seja libertador este estudo, que dê novas ferramentas para a compreensão do Direito, além da sociológica e filosófica, e que saibamos utilizar essas ferramentas da maneira mais útil e proveitosa.

domingo, 14 de março de 2010

Professores – 2º ano

Foi um ano ÓTIMO. Um time de professores excelentes, que gostam do que fazem e do que ensinam. Assim é legal aprender.

Professor Carlos – Direito Comercial I . Ele é apaixonado pela matéria, e isso conta muito. Eu só fiquei com pena dele… Arranjou um problemão com a turma por causa de muitas horas e poucos dias, tendo ocupado quase todos os sábados com aulas e apresentações de trabalho. É ruim quando o relacionamento professor-aluno se prejudica desse jeito, acaba atrapalhando o desenvolvimento da matéria. – 8,0.

Professora Jacqueline – Direito Consitucional II. É uma mulher fina, sem dúvida. Mas a voz dela me dava sono. Ela preparava uns resumos das aulas, o que´é bem legal da parte dela, já que nas outras matérias a gente tem que se virar com os resuminhos, né? Era bom pra estudar pras provas depois. – 7,0

Professor Martinez – Direito Civil I. Eu sou FÃ dele. Tá certo que eu já disse que Direito Civil é fácil de aprender por estar tão relacionado com o cotidiano, mas ter um bom professor sempre facilita as coisas. Apesar de muitas vezes não estar de bom-humor, e de quando estava de bom-humor fugir um pouco do assunto, explicava a matéria com excelência e estava sempre disponível para tirar dúvidas, contextualizando tudo… Sempre foi rígido com notas, horários de chegada, conversas, enfim… Mas não me lembro de ter perdido nenhuma aula dele sem algum pesar. – 10,0

Professor Rachid – Direito Penal I. Eu sou FÃ dele [2]. haha Pensa numa pessoa inteligente ao ponto de você se sentir meio burro ao lado dele. O único problema é que ele sabe taaanto que não consegue suprimir e se estende demais num mesmo assunto. Mas eu gostei demais das aulas dele, tenho certeza que não vou me esquecer de tudo o que aprendi com ele – desde o fato de que o nome do ‘encosto’ da cadeira é espaldar até a análise estratificada de crime nas teorias finalista e causalista da ação. – 10,0

Professor Affornalli – Teoria do Processo. Eu tinha um pouco de sono nas aulas dele, confesso. Também não gostava muito da matéria, que teria sido mais útil antes de fazer estágio e aprender na marra o que é um processo e o que fazer com ele. Mas é um bom professor, que gosta do que faz, tem muito a ensinar e realmente sabe o que ensina e eu dou muito valor a isso. – 8,0

sábado, 13 de março de 2010

Notas – 2º ano

Com toda essa coisa de vestibular, mudança e por ter deixado o blog desativado por um tempo, olha só quando eu vim fazer o review do 2º ano de curso! Também pela mudança, só tive minhas notas quando chegou meu histórico atualizado, que teve que vir pelo correio pra fazer a equivalência de matérias aqui. Vamos lá…

Direito Penal I – 88 Detalhe para os 99% de frequência. Acho que só faltei uma vez haha. E olha que ele nem fez chamada depois do “incidente H1N1”. É impressionante como naquilo que eu mais gosto e me esforço não atinjo o resultado que gostaria. Vão dizer que 88 tá bom demais, né? Foram quatro provas durante o ano. Confesso que não foi preciso estudar muuuuito para nenhuma delas, a lembrança das aulas (e a frequência campeã) EXCELENTES valeram para a avaliação. Fiquei tooooda feliz pelo 100 na última prova depois de 85, 85, 90. Yey!

Direito Civil I – 100 Uhul! Bom, a matéria é bem simples de abstrair, né? Tudo tem relação com algo que a gente já conhece, e um excelente professor ajuda demais na compreensão. Foram apenas duas provas. Nunca escrevi tanto em prova quanto nessas de Direito Civil. São temas que dão gosto de desenvolver, como se estivesse tudo pendurado em uma linha, é só puxar que vem. (Deu pra entender isso aí?)

Teoria do Processo – 71 E a torcida grita ‘Uuuuui!’ Foi por um triz, eu sei. Muita coisa, muita ‘definição pronta’. É um jeito de estudar que eu realmente não gosto. Tive mesmo bastante dificuldade.

Direito Constitucional II – 83 Não sei se foi porque estava sempre com sono nas aulas, se foi a estratégia da professora que não ajudou… Só sei que não aproveitei como gostaria essa disciplina.

Direito Comercial I – 88 No começo era chaaato pra caramba. Mas depois até que ficou legal. Eu adotei um livro excelente de comentários à parte de Direito Empresarial do Código Civil, do Professor Alfredo de Assis Gonçalves Neto que me ajudou demais. Recomendo sempre.

Ano passado falei que vocês iam ver só. Taí o DEZ da Rutinha ;)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Direito Penal para Leigos

Mas você não vai defender preso, não, vai?

Coisa difícil é falar de Direito com quem não conhece. Coisa pior é ouvir gente que não conhece falando de Direito. E a coisa fica feia mesmo quando tentam te convencer do que eles estão falando. Se é Penal, então... Taí assunto que todo mundo gosta de entender: criminologia, sociologia, antropologia... Nada tão complexo que ninguém possa desvendar rapidamente.

A frase que inicia o post foi dita pelo meu ilustríssimo pai. Me lembro de quando decidi que queria Direito. Foram quase quatro anos tentando me convencer do contrário. Meu pai queria Engenharia Civil. Minha mãe ficaria tranquila com qualquer coisa que não fosse 'algo tão perigoso como Direito'.

Depois recordei de um dos primeiros dias de aula. Um cidadão de um movimento estudantil me perguntou: 'Mas escuta, e se um dia você tiver que defender alguém que é culpado? Pra onde vai a ética?'. Na época, eu não soube o que responder. Durante algum tempo procurei essa resposta, que encontrei e testei durante meu estágio no NEDIJ.

Todos necessitam de uma dose de humanidade, até aqueles que não agem como humanos. Todos têm direito à justiça, até os que agem com injustiça. Todos têm direito a viver, ainda que tenham matado. Faz parte da transformação do mundo dar um pouco de graça, como um favor a quem não julgamos que merece.

Porque quando deixamos de tratar um humano como pessoa, agimos como aquele que mata.

sábado, 6 de março de 2010

Resenha: Mentes Perigosas – O psicopata mora ao lado

Estou inaugurando uma nova categoria de postagens hoje. Passarei a escrever sobre algumas das minhas leituras. Claro que não é o que se chamaria de ‘resenha’ acadêmica. Meu profesor de metodologia diria que é um paper. É apenas um breve ‘parecer’ nem sempre técnico, mas como leitora. Mais do que justo poder avaliar aquilo que consumo, não acham?

Este livro discorre sobre pessoas frias, manipuladoras, transgressoras de regras sociais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão ou culpa. Esses "predadores sociais" com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria da população: aquelas a quem chamaríamos de "pessoas do bem".

(Extraído do livro – página 12)

Há muito tempo tenho namorado os livros de autoria de Ana Beatriz Barbosa Silva. Não podia passar em uma livraria sem que meus olhos os encontrassem, sem desejar apreciar a leitura de que tanto ouvira falar.

Meu interesse pelos estudos da mente (psiqué) não é recente. O curso de Psicologia sempre foi a minha segunda escolha. A psicologia e psiquiatria jurídica me causam verdadeiro fascínio, ainda mais quando se aliam à criminologia - minha outra paixão – e esse livro só fez juntar isso tudo, pelo ponto de vista médico, mas dirigido à compreensão de qualquer leitor.

A habilidade da autora de converter um assunto técnico em um texto delicioso, uma leitura fácil e compreensível me deu vontade de não largar o livro até terminar.

A leitura não foi só agradável, mas também útil. Pra mim foi muito importante aprender sobre essa patologia social de uma visão técnica. Sociopatas (ou psicopatas, como ela prefere chamar) não são invenção dos seriados de TV. São pessoas que não tem vínculos emocionais com coisa alguma, nem sentem remorso, culpa ou compaixão.

Segundo a autora, essas pessoas são capazes de cometer crimes simplesmente porque não medem esforços para alcançar o que querem, mesmo prejudicando a outros. Aqueles que se enveredam pelo crime não o fazem por uma questão social, mas por acreditar que não importam os meios para chegar ao fim que desejam.

É claro que nem todos os que cometem crimes são sociopatas, e que nem todos os sociopatas chegam a cometer crimes. Mas também fica a sujestão de que nem todos os crimes ocorrem pela desigualdade social. Mesmo em uma sociedade ideal, estes seres patologicamente criminosos não deixariam suas práticas de maldade.

Fica a pergunta: o que fazer com sociopatas que representam grande perigo para a sociedade e não podem ser ressocializados? A questão merece um regime penal diferenciado? Como obter um diagnóstico seguro para minimizar as injustiças? É… Parece que ainda estamos longe de lidar com a questão do crime.

quinta-feira, 4 de março de 2010

99 coisas em 977 dias

O primeiro mês de desafio começou beeem devagar. Resolvi dar prioridade às metas contínuas - aquelas que devem ser cumpridas durante todos os dias - para me habituar ou quem sabe ao menos me condicionar àquilo a que me desafiei. É claro que em alguns dias eu fingi que esqueci, mas todos os escorregões estão anotados para descontar em cifras no final. (É bom eu começar a guardar esse dinheiro, senão não vou conseguir cumprir esse item! haha)

Lá vão:

5. Ler 150 livros (9/150)
1. A irmandade das calças viajantes - Ann Brashares
Tinha visto os filmes e, depois de ver a resenha da Cíntia, quis ler o livro.
2. Penelope - Marilyn Kaye
Esse foi por pura influência da Cintia e suas resenhas mais do que ótimas.
3. Mentes Perigosas - Ana Beatriz Barbosa Silva
Eu já queria ler esse livro há um tempão. Namorava a capa de todos os livros dela em qualquer livraria em que passava e dizia "Um dia eu lerei todos". Não me decepcionou. Ela escreve bem demais, disserta de maneira impressionante. To com Mentes e Manias e Mentes Inquietas na fila.
4. As Areias do Tempo -Sidney Sheldon
Do meu autor favorito, um livro que eu estava enrolando pra ler. Li o prólogo uma vez e achei que seria um saco uma história com freiras e guerrilheiros bascos. Paguei língua. No dia (madrugada) que terminei de ler mal consegui dormir de tanta empolgação.
5. A Herdeira - Sidney Sheldon
Depois de ter lido As areias do tempo, deu vontade de reler este, que é o meu favorito entre os livros dele. Mesmo sabendo o final, a leitura foi em clima de suspense. Sabe quando você lê escutando seu coração batendo forte?
6. Nada Dura Para Sempre - Sidney Sheldon
Outro que eu reli. Igualmente emocionante. A ansiedade para ver o grande finaljá sabido deu um tom diferente ao suspense.
7. A Perseguição - Sidney Sheldon
Deste não gostei muito. No início foi até bem chato e o final um tanto previsível. Foi bastante decepcionante...
8. Echoes - Robin Jones Gunn
Este li em inglês. A história é bem diferente das outras da mesma autora. Muito, muito bom o livro. A Cintia também fez uma resenha dele.




6. Fichar 50 livros (1/50)
1. Mentes Perigosas
Mal comecei a ler quando percebi que esse livro seria interessante o suficiente pra merecer um fichamento. No final das contas, descobri que o fichamento será muito útil para as minhas pesquisas. Recomendo demais esse livro.

34. Voltar a escrever cartas
Escrevi, ainda não postei, mas escrevi. E vou continuar escrevendo.

81. Reativar o Pirralha
Foi a primeira meta cumprida, quando postei a lista aqui no blog.

Que bom estar de volta!

terça-feira, 2 de março de 2010

Sentimento Federal

Não dá pra disfarçar. Quem passou pela Praça Santos Andrade nesse início de semana pode não ter notado, mas as novas caras que chegaram ao Prédio Histórico da UFPR não podiam conter a excitação. E não é porque já fui caloura uma vez que fugi ao padrão. Parecia universitária pela primeira vez.

Subi aquelas escadas com o maior orgulho de ser aluna federal. Orgulho de mim mesma e da universidade que agora é minha. Saí de casa preocupada com a minha falta de senso de orientação (medo de se perder sozinha! haha), com o horário (apesar de ter chegado com muita antecedência) e com a minha cara de SOU CALOURA.

A Aula Magna foi... deliciosa. Ministrada pelo Professor Fabio Konder Comparato - nada menos que brilhante - que falou sobre a dominação do povo pelo controle dos meiso de comunicação, convidando a todos a voltar à ágora - espaço onde, na antiga democracia, todos os cidadãos gregos se reuníam em assembléia e tinham a sua voz. A palavra do povo.

Conversou conosco sobre uma democracia mais participativa, onde a expressão não é apenas as mensagens em ploco, padronizadas, intermediadas, impessoais, dirigidas a receptores anônimos, como ocorre nos meios de comunicação de massa. Quer saber como?

Assim, desse jeito. Você está lendo este blog, a minha ágora. A internet é o meio de expressão mais democrático que há. Não fique aí falando sozinho. Bota a boca no mundo!