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sexta-feira, 11 de julho de 2008

S H E

Relendo o que escrevi sobre a menina que roubava livros, me lembrei da sigla: S.H.E. - Sem Humanos Envolvidos. Ouvi isso em uma dessas séries americanas tipo CSI, mas não tenho certeza em qual foi... Não sei se ela é usada de fato 'na vida real', mas a sigla quer dizer que não há humanos, apenas negócios. Apenas trabalho.

Se você leu o pequeno texto à direita 'apresentando a pirralha', então já sabe que eu faço Direito (pelo menos como curso universitário). Nas diversas profissões na área jurídica rola esse negócio de S.H.E. Claro que há 'profissionais' e 'profissionais', mas o que eu tenho percebido é que na maioria das vezes, não há humanos envolvidos, apenas papéis, processos, estatísticas...

E o processo judiciário brasileiro contribui pra isso. Usando a imaginação: você é um juiz da vara da infância. Você tem uma pilha de processos e um monte de estagiários pra fazer aquilo que você não tem tempo de fazer. Mal dá tempo de ler um processo inteiro. Como você vai se preocupar com a criança que bate carteiras? Tem que ser muito humano.

Tá... Eu ainda não conheço 'o sistema' direito... Estou falando apenas do que ouvi, do que 'fiquei sabendo'... Mas num sistema saturado é muito mais fácil ver apenas papéis. Ver humanos é mais trabalhoso. Toma mais tempo... e sobrecarrega o lado emocional também. Quem lida com famílias desestruturadas, crianças infratoras, traficantes que 'não têm mais volta' deve ficar meio pinel... (Será por isso que os psicólogos ficam malucos?)

Aí eu fiquei pensando... que tipo de profissional eu serei? Será que daqui a cinco anos eu ainda verei humanos? Será que depois de 15 anos de profissão eu ainda serei humana? Ou isso é coisa de pirralha? Se for, quero ser pirralha pra sempre...

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